Entrevista concedida em: 13 de novembro de 2007
Jesus freak Hideout: Você usou uma abordagem diferente dos outros discos para a composição do Storm The Gates of Hell?
Ryan Clark: Sim. Tivemos mais tempo para compor e gravamos uma versão demo de cada música antes de entrar no estúdio (algo que nunca fizemos antes). Além disso, também tivemos mais tempo no estúdio e isso ajudou muito. Eu achei que estávamos mais preparados do que nunca.
JFH: Qual foi a importância de não fazer turnê o ano inteiro além de compor e gravar o Storm The Gates of Hell? Além do álbum, algo mais resultou disso?
Ryan: Esse ano foi nossa oportunidade de dar o nosso melhor nesse álbum. Pudemos dedicar o tempo e a atenção necessários para que STGOH fosse o nosso melhor trabalho. Além disso, fora da banda nós vivemos vidas bem ocupadas, por isso, evitar uma turnê nos ajudou a manter a sanidade. Acho que funcionamos bem como banda graças à nossa capacidade de regular nossas agendas. Nós não nos desgastamos uns com os outros, e assim podemos seguir com banda por muitos anos.
JFH: Como vem sendo a reação do mainstream aos temas abertamente espirituais em suas músicas?
Ryan: Ótima. A gente não ouve muitas reclamações sobre a nossa fé. Claro que de vez em quando há algum comentário em uma ou outra resenha, mas apenas porque os jornalistas são críticos primeiro e amantes da música depois. É por isso que eles sempre começam com aquele papo de "Os crentes do Demon Hunter...", pois eles preferem criticar nossa fé a nossa música. Mas, de um modo geral, só temos recebido respeito do mainstream. Tanto por parte das bandas quanto dos fãs.
JfH: Ao explicar "A Thread of Light," você disse, entre outras coisas, que muitos Cristãos compreendem errado o nome e a aparência da banda como algo maligno, e não uma luz brilhando nas trevas. Você tem alguma história encorajadora sobre como a sua música alcançou alguém de uma forma que você não acharia possível para um músico Cristão contemporâneo ou para uma banda de rock mais comportada?
Ryan: Eu tenho toneladas de exemplos. Eu tenho uma pasta de e-mails entupida de mensagens de agradecimentos e encorajamento pelo nosso trabalho. Outro dia, eu recebi uma que dizia algo como “É irônico que o mesmo meio que me afastou de Deus acabou me trazendo de volta" referindo-se, claro, ao heavy metal. As pessoas pensarem que o que fazemos não pode ser positivo é uma total ignorância, e um verdadeiro insulto para as pessoas que foram alcançadas pelo metal Cristão. As pessoas conhecem a Cristo através do trabalho que nós (e bandas como nós) fazemos. Como você pode discordar? Algumas pessoas vivem isoladas em suas bolhas de falsa segurança e inocência, e é uma pena que elas não possam ver o que está acontecendo lá fora, pois é algo realmente fantástico.
JfH: A música "Sixteen" foi inspirada nos Cristãos envolvidos na indústria musical Cristã que não parecem viver sinceramente a sua fé. Com tantas pessoas tentando desconstruir a existência desse gênero, qual a sua opinião sobre a “música cristã” como um gênero e indústria?
Ryan: Ouso dizer que na minha opinião o Cristianismo está sendo prostituído por algumas bandas Cristãs. Muitas bandas começam com uma missão de ministério, e assim que elas encontram o “mundo real”, encontram-se despreparadas para as tentações e provações que aparecem no caminho. Não estou falando apenas da molecada, há um monte de adultos por aí que eu vejo caírem feio e arruinar as suas vidas e as dos outros. Que fique registrado que eu digo que há PÉSSIMAS pessoas ativas na cena, disfarçadas de Cristãos e cantando músicas com “letras Cristãs” para o pessoal todas as noites. Eu sei perdoar, mas eu tenho nojo do que eu sei e estou vendo na cena, a ponto de lutar com ódio nessa área.
JfH: Pode nos falar um pouco sobre a "Thorns" e de onde veio a inspiração?
Ryan: Essa é uma música sobre dor auto-imposta, seja por cortes ou qualquer outro tipo. Eu a escrevi especificamente para as garotas, mas espero que ela tenha algo a dizer aos homens que também têm esse tipo de problema. Na verdade, as letras diziam “ela” em todas as partes que agora dizem “você”. A música não foi inspirada em nada específico que eu tenha conhecido ou ouvido falar, eu apenas sabia que hoje em dia essa é uma forma de sofrimento assustadoramente popular entre os jovens. Essencialmente eu me interessei, pois eu nunca tive que lidar com esse tipo de coisa, e era algo que eu queria compreender. Tudo o que eu conseguia pensar era em como Cristo levou toda a nossa dor para que não tivéssemos de lidar com ela. Eu compreendo a dor, mas também entendo que a redenção e o sacrifício são maiores que a dor.
JfH: O que você me diz sobre a "No Reason To Exist?"
Ryan: "No Reason To Exist" é sobre os jovens adultos que vivem nas ruas por vontade própria e apresentam um certo orgulho nisso. Há uma tendência entre os jovens que de classe media ou alta em viver sem-teto, desempregados e totalmente largados. Isso me pareceu um insulto para com as pessoas que são obrigadas a viver assim sem escolher. Creio que esses jovens consideram a fuga como uma alternativa divertida e despreocupada, uma forma de viver longe das responsabilidades, e para eles é fácil pensar assim, pois se as coisas ficarem REALMENTE difíceis, eles podem simplesmente voltar correndo pra casa da mamãe e do papai. Conheço o suficiente dessa “cena” para saber que muitos desses jovens não vivem esse tipo de vida dura por necessidade, mas por causa da música, da moda e das atitudes despreocupadas que acompanham o estilo de vida. Pode parecer loucura, e cada um deles iria comprar uma briga para dizer que essas coisas não têm nada a ver, mas se é assim, então por que todos eles usam roupas iguais, com patches do Crass e Discharge bordados à mão em seus jeans pretos desbotados? É uma moda, como todo o resto, e disfarçá-la como miséria genuína é uma atitude ofensiva.
· JfH: Alguma das faixas do Storm The Gates Of Hell tem um significado pessoal maior do que as outras?
Ryan: "Lead Us Home" é a minha favorita, musicalmente. A minha letra favorita é provavelmente a de "Grand Finale," que é uma faixa bônus na edição especial do álbum. É a letra mais abertamente centrada em Cristo que eu já escrevi. Eu não apenas me orgulho da ousadia, mas também da cadência, inteligência e honestidade da letra.
JfH: Como você mantém a sua estabilidade espiritual(tanto em casa quanto em turnê)?
Ryan: Por meio dos amigos e da família. Eu faço o melhor possível para manter a minha vida de oração e guardar um tempo para a Palavra. Eu também me apóio em nossos fãs, eles me permitem manter minha vida espiritual em forma através de comunicação mútua.
JfH: O que Deus tem te ensinado ultimamente?
Ryan: Paciência e humildade.
"Used by permission" John
http://www.jesusfreakhideout.com/
Traduzido por, Heder Osny e Norman Lima
No comments:
Post a Comment