O vocalista Reese Roper, na reunião surpresa da banda, o sucesso da Kickstarter e os planos para o futuro.
A sediada em Denver “Five Iron Frenzy” foi uma importante banda na cena “third-wave ska” nos anos 90. A banda desenvolveu um grupo de seguidores com seus enérgicos shows ao vivo, estilo musical eclético e senso de humor pateta. O que é a razão pela qual as redes sociais incendiaram em 22 de novembro – oito anos após seu concerto final – quando eles anunciaram sua reunião e lançaram uma campanha no Kickstarter para angariar fundos para produzirem eles mesmos um novo álbum. Seu objetivo era angariar $30.000 em 60 dias; eles alcançaram isto em 55 minutos. Em apenas pouco mais de uma semana, eles conseguiram mais de $150.000, fazendo o mais financiado projeto musical da Kickstarter.
A RELEVANT falou recentemente com o vocalista Reese Roper sobre a decisão de reformar, a expectativa de fazer um álbum sem uma gravadora e o que o futuro reserva para a banda.
RELEVANT: A última vez que vimos FIF foi o último show emocionante da turnê “Winners Never Quit” em 22 de novembro de 2003. O que vocês fizeram durante estes últimos oito anos?
Reese Roper: Bem, vamos ver se eu consigo lembrar. Era uma noite escura e tempestuosa. Todos nós conseguimos trabalhos normais. Alguns voltaram para a escola, alguns de nós tentamos outros projetos musicais, alguns de nós nos tornamos assistentes vigilantes. Um de nós é vice-presidente dos EUA.
Como os planos para o novo álbum surgiram?
RR: Enquanto filmávamos entrevistas para o DVD “Rise And Fall of Five Iron Frenzy”, lançado este ano, Scott [Kerr, um dos guitarristas originais do FIF] perguntou a mim se eu sentia falta de estar no Five Iron. Ele sentia falta dos shows e das pessoas na banda. Tempo depois, na mesma conversa, ele comentou que ele às vezes sentia que seria legal tocar baixo numa banda. Keith Hoerig [bass] já tinha tido que não queria fazer parte de nenhuma reunião, mas senti em mim que talvez Scott faria. Então lancei isso pra ele, e ele começou a escrever. Isto seguiu por cerca de seis meses, e então ficamos atolados com discussões sobre como nós escreveríamos as músicas e quem faria o quê. Minha esposa e eu tivemos uma filhinha no meio disto, Scott e Andy [Verdecchio, bateria] mudaram de bairro, e tudo pareceu fracassar aos poucos por cerca de um ano.
Então, por que agora?
RR: Eu realmente não estou certo de como aconteceu. Joel Gratcyk comprou o endereço para o nosso website e ele funcionou como um fan-site por cerca de cinco anos. Este ano decidimos fazer uma contagem regressiva para o dia 22 de novembro, o aniversário da data em que nós debandamos, para relançar um novo site. Ele quis manter isso uma surpresa, para que parecesse que havia apenas algum contador aleatório no site. Todas as súbitas milhares de pessoas estavam especulando que estávamos voltando juntos. Joel nos mandou um email e nos pediu para fazer um rascunho de um pedido de desculpas formal para explicar o que era e dizer a todo mundo que não estávamos formando a banda de novo. Nós estávamos meio caminho andado na produção do rascunho, quando isso bateu em mim: por que não podíamos nos reunir de novo? Então nós planejamos a música grátis, a possibilidade de fazer turnês e a campanha no Kickstarter, e isso aconteceu. Nenhum de nós achou que isto seria tão grande.
Isto é uma reunião?
RR: Sim, mas nós pareceremos bem diferentes do que como éramos antes. Nós provavelmente não iremos fazer turnês fora de uma van. Pode ter menos mudanças envolvidas. Trocamos Keith pelo Scott. As escritas das músicas podem ser um pouco mais maduras. Mas, sim, estamos de volta.
Nós escutamos “It Was A Dark And Stormy Night” (disponível para download grátis) quando vocês fizeram o anúncio na semana passada. Vocês têm algum outro novo material escrito?
RR: Há várias canções nos trabalhos. Estamos tentando produzir versões bastante boas de tudo lançado em demos antes de nós de fato irmos ao estúdio, o que estará mais provável para o final de 2012 ou início de 2013.
No DVD, um dos principais temas cobertos foi a luta de ser rotulado e vendido como uma “banda cristã” versus ser livre para alcançar um grande público com sua música. Isto atuou como um papel na decisão de fazer um álbum independente?
RR: Absolutamente. Isso, e o fato de que os selos de gravação tem perdido praticamente todas as suas forças nestes dias. Eles ainda tem ligações com algumas estações de rádio, e talvez elas peguem sua banda em alguns talk shows da madrugada ou na prateleira da Target, mas essas coisas realmente nunca funcionaram com a Five Iron de jeito algum. O mercado está tão péssimo agora que você pode ter um grande produtor num grande estúdio pelo que deveria custar ($ 20.000 a $30.000) em vez de um preço inflacionado que era elevado pelas gravadoras juntando em bilhões de dólares nos anos 90. Está barato fazer vídeos de música, um demo e gravar sua própria música. A única publicidade digna de investimento que é barata: coisa do tipo guerrilha, situada na net, divulgada pelos fãs e o boca-a-boca.
Fizemos $1.13 para cada álbum que vendemos por um selo que nos fez sair em turnês até não podermos mais como meio de publicidade. A menos que um selo nos ofereça muito mais do que isso, nós estamos fora deles. Podemos executar algum tipo de acordo de licenciamento, mas não, a não ser que seja agradável.
Como vocês explicam a inacreditável resposta dos fãs?
RR: Encefalopatia espongiforme bovina. (N.T.: esse é o nome científico da "doença da vaca louca")
Vocês tem planos para o futuro?
RR: Vagamente. Nós estamos definitivamente fazendo alguns festivais nesse verão. Nosso objetivo é tentar e surgir com uma maneira verossímil na qual possamos tocar em todas as cidades grandes em que estamos acostumados sem perder nossas famílias ou nossos empregos. Eu acho que se perdermos nossos empregos, nossas esposas não gostarão mais de nós. Note que eu falei “esposas”. Isso porque Leanor [Till, nome de solteira Ortega, saxofone] é casada com Stephen Miles Till. Ele é maravilhoso, e não se importaria. Mas sim, nós tentaremos alcançar todos os grandes mercados dos EUA, talvez Canadá, Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Europa.
Vocês eram conhecidos por discursar sobre tópicos bastante tensos para uma banda “cristã”. Devemos esperar para ver o mesmo no novo álbum?
RR: Claro que sim! Não temos um selo! É hora de festejar o grande momento!
Finalmente, que calças são essas?
RR: Elas estão surradas? Porque são minhas, e preciso delas pra trabalhar.